Ansiedade em excesso pode derivar em ataques de pânico

Nos dias em que vivemos ou, simplesmente, sobrevivemos sentimos que há momentos em que a respiração parece não fluir. Temos a sensação que a respiração é feita ao nível da garganta e que, por isso, não entra ar suficiente.

Inspiramos então mais vezes e cada vez  mais rápido, ao nível do ritmo acelerado que, dizemos nós,  a vida nos impõe.

Quanto mais stress e mais coisas pensamos que temos que fazer, maior a necessidade de respirar mais e mais rápido para sentirmos que mais ar entra.

A verdade, é que este ar que inalamos e não passa da garganta não nos oxigena o suficiente e é fruto de uma ansiedade para dar resposta a inúmeras situações para e por resolver.

Quando este “cenário” se torna constante ou recorrente, poderão ser atingidos picos de ansiedade tão grandes que derivam, no que chamamos, de ataques de pânico, que por sua vez se transformam numa espiral de associações de acontecimentos, conduzindo-nos a possíveis traumas e fobias.

Sentirmos que queremos respirar e não conseguimos é algo aterrorizante. Quanto mais vezes acontece, maior a sensação que não aguentamos e vamos mesmo parar de respirar.

O processo respiratório torna-se mais curto, mais difícil e o pânico da repetição é terrível. Pedimos ajuda e parece que nada funciona. Quanto mais pensamos, mais o medo nos bloqueia a respiração.

Pedimos ajuda naqueles momentos e parece que nada nem ninguém consegue resolver. Só desejamos que passe rápido e consigamos relaxar...

A questão é mesmo esta. Como relaxar? Como respirar de forma mais tranquila?

Como permitir que a nossa respiração “de bebés” volte e que podemos respirar com a “barriga”.

Os bebés respiram com a “barriga” porque não estão ansiosos, porque não estão preocupados com o que virá a seguir, com as mil atividades stressantes que têm por fazer.

E nós pensamos como isto é utópico! Obviamente que os bebés não têm essas responsabilidades e por isso conseguem estar tranquilos e respirar fluentemente.

À medida que vamos crescendo, a sociedade vai-nos colocando mais pressão e, logo na fase da adolescência, começam a surgir os ditos ataques de pânico, como consequência do stress gerado.

O que temos ao nosso alcance, que nos pode ajudar a respirar melhor e a controlar a ansiedade excessiva?

Podemos começar por filtrar informação e reter o que nos poderá orientar para uma melhor qualidade de vida.

Se por um lado, o excesso de informação e respetivos canais, nos geram ansiedade e stress pela quantidade de conteúdos, por outro,  aprender a selecionar estes mesmos conteúdos e canalizá-los num sentido de crescimento e desenvolvimento de bem-estar é um desafio que poderemos colocar nas nossas vidas para nos auxiliarem a enfrentar outros desafios.

O Yoga diz-nos, através da utilização do PranaYama, que podemos aprender a trabalhar o nosso processo respiratório controlando a inspiração e a expiração, permitindo que ambas nos regulem, equilibrem, relaxem e potenciem a nossa energia.

A palavra Pranayama é composta por duas raízes (prana e aYama). A primeira significa “energia vital” . Esta energia traduz-se pela força que está presente em tudo, sendo, por isso, mais subtil  do que o ar ou oxigénio, indo mais alem do que um conjunto de exercícios respiratórios. O pranayama utiliza a respiração para influenciar o fluxo desta energia prânica nos canais energéticos.

A palavra ayama significa expansão, resultando da palavra pranayama na expansão da dimensão do prana. As técnicas de pranayama possibilitam o método para que a força vital possa ser ativada e regulada, conduzindo as pessoas a um estado mais elevado de energia.

Durante as práticas de pranayama são utilizadas as quatro fases da respiração (inspiração, expiração, retenção interna ou retenção externa).

No inicio, o foco é posto na inspiração e expiração, de modo  a fortalecer os pulmões  e equilibrar o sistema nervoso. Estas práticas influenciam o fluxo do prana/ ar nos canais, purificando, regulando e activando os canais energéticos. Induz-se assim maior estabilidade física e mental.

A respiração é o processo mais importante para a vitalidade do corpo. Influencia a atividade de toda e qualquer célula, estando intimamente ligada ao funcionamento do cérebro.

O Pranayama estabelece padrões de respiração regular, pelo processo de controlo gradual da respiração, restabelecendo o ritmo natural e descontraído do corpo e da mente.

Através deste processo, a energia bloqueada por determinados padrões mentais inconscientes pode ser libertada e canalizada para processos mais positivos.

À medida que vamos tomando conhecimento mais profundo desta arte do Pranayama, conseguimos ter um maior autocontrolo do processo de ansiedade e de como esta prática nos potencia a redução deste ritmo, produzindo maior oxigenação e vitalidade. Sentimos assim que os nossos pulmões “crescem” e todo o excesso de atividade mental reduz. Tomamos conhecimento que não será a ansiedade a controlar-nos mas somos nós que controlamos a ansiedade.

Boas respirações!